Sempre que o mundo desabava sobre minha cabeça, eu ia andar pela praia, próxima de onde morava.
Um dia encontrei uma bela garotinha de olhos tão azuis quanto o mar, construindo um castelo de areia ou algo parecido.
- Oi, disse ela.
Eu respondi com um aceno de cabeça, não estava com humor para me aborrecer com uma criança.
- Você quer me ajudar a construir meu castelo?
- Hoje não. Falei pouco atencioso.
- Eu gosto de sentir a areia em meus dedos do pé, ela falou sorridente.
Que boa idéia, pensei, e tirei meus sapatos. Um siri deslizou próximo.
- Isto é uma " alegria ", falou a criança.
- É um o quê?, perguntei.
- Isto é uma " alegria ", livre pela praia.
- Adeus " alegria ", olá dor, murmurei comigo mesmo e continuei a caminhar.
Eu estava deprimido, mas a menina não desistia e perguntou:
- Qual é o seu nome?
- Eu sou Robert Peterson, respondi..
- O meu é Wendy... Eu tenho seis anos.
- Oi, Wendy.
Apesar de minha melancolia fui obrigado a rir e continuei caminhando.
Sua risadinha musical me seguiu.
- Venha novamente, Sr. Robert, disse ela, animada.
- Nós teremos outro dia feliz.
Meus dias foram atribulados e somente semanas depois é que voltei à praia.
A brisa era fria, mas eu andava a passos largos, tentando readquirir serenidade.
Tinha até me esquecido da criança, quando ela apareceu.
- Oi, Sr. Robert., você quer brincar?
- Não sei, que tal charadas? Perguntei sarcasticamente.
- Eu não sei o que é isto, falou a menina.
- Então me deixe continuar a caminhada.
- Onde você mora? Perguntei-lhe.
- Ali. Ela respondeu apontando na direção de uma fila de cabanas de verão.
- Como você vai para a escola?
- Eu não vou à escola. A mamãe disse que nós estamos de férias.
Ela tagarelou e quando eu ia voltar para casa, Wendy disse que tinha sido outro dia feliz. E havia sido mesmo.
Três semanas mais tarde, eu andava apressado pela praia, quase em pânico, quando a garota me alcançou.
- Olhe, se você não se importar, hoje eu quero andar sozinho.
Ela me pareceu pálida e sem fôlego.
- Por que?, ela perguntou.
- Porque minha mãe morreu! Gritei.
- Oh, então este é um dia ruim, falou a menina com ar de tristeza.
- Sim, eu disse, e ontem e anteontem também. Vá embora!
Um mês depois disto, fui andar novamente na praia, mas ela não estava lá.
Sentindo-me culpado e admitindo para mim mesmo que sentia falta dela, subi até à cabana, e bati na porta.
Uma mulher jovem atendeu.
- Olá, eu sou Robert Peterson.
- Senti a falta de sua pequena menina e gostaria de saber se ela está bem.
- Oh, sim, Sr. Robert, entre, por favor.
- Wendy falou muito do Senhor.
- Eu tinha receio que ela estivesse lhe aborrecendo.
- Se ela foi um incômodo, por favor, aceite minhas desculpas.
- Não, sua filha é uma criança muito amável. Onde está ela?
- Wendy morreu na semana passada, Sr. Robert. Ela tinha leucemia. Talvez não tenha lhe contado...
A notícia me deixou cego e mudo, por alguns instantes...
E a mãe continuou:
- Ela adorava esta praia e parecia um tanto melhor aqui. Aqui teve muito do que ela chamava de " dias felizes ". Mas nos últimos dias, ela piorou rapidamente... Minha filha deixou algo para o Senhor...
Entreguei-lhee um envelope, onde estava escrito para o Sr. " R. P. " em grandes letras infantis.
Dentro havia um desenho uma praia amarela, um mar azul, e um siri marrom. Embaixo estava escrito:
- " Um siri vai lhe trazer alegria. "
Lágrimas rolaram de meus olhos, e um coração que quase esqueceu de amar as pessoas abriu-se largamente.
- Tomei a mãe de Wendy em meus braços e murmurei repetidas vezes: - Eu sinto muito, sinto muito!
O pequeno e precioso desenho está agora emoldurado e pendurado em meu escritório.
Seis palavras uma para cada ano de sua vida me falam de harmonia, felicidade,coragem, amor, paz e desinteresse.
De mais atencao as pequenas coisas e gestos no seu dia a dia... Daremos o edevido valor quando perdemos algo precioso... A'i sera tarde demais para lamentar... Ficarao apenas singelas recordacoes